04 junho, 2009

Sociologia e Meio Ambiente

"A economia não paira no ar; ela está inscrita na materialidade".
Carlos Walter Porto - Gonçalves

Em 2007 eu realizei uma disciplina na Universidade sobre "Sociologia e Meio Ambiente". Lembro que, durante seis meses, minhas atenções estavam todas para esse campo. Realmente li um calhamaço de textos e estudos. Terminei a disciplina com a convicção de que minha mente havia mudado. Também passei a me sentir "autorizado" para abordar o assunto quando necessário. Lembro que nós, estudantes comprometidos com aquela disciplina, nos sentimos um pouco órfãos quando ela terminou.
Descobri que um indivíduo informado e ético para com o meio-ambiente não significa que ele haja passado por um ritual forçado ao vegetarianismo, nem a imediata adesão a filosofias orientais. O que importa é assumirmos a nossa “pegada ecológica” no planeta e, assim, refletirmos quais as atitudes individuais que poderão fazer a diferença.
De fato, na política, o movimento ambiental abrange todo o universo em que se divide o pensamento e as ações políticas. Encontramos agentes representando desde as correntes mais sectárias – os adeptos da chamada “ecologia profunda” - até as mais abertas e disponíveis para o diálogo (essa ala forma a maioria, e defende basicamente o “Desenvolvimento Sustentável”). Claro que nesse contexto surgem, a todo o momento, os eco-aproveitadores e os eco-carreiristas de plantão. A ecologia torna-se um sucesso, um vendedor de si mesmo.
Existem vários modos de justificar esta mudança radical de posição (em particular do homem ocidental) diante da natureza, por efeito da qual passamos da consideração da natureza como objeto de mero domínio à idéia da natureza como sujeito de utilização não mais arbitrariamente ilimitada. Mas o ponto de vista mais pragmático e urgente na atualidade é aquele que leva em conta o possível esgotamento dos recursos escassos e, assim, o fim da civilização humana.
Vemos também, desde a 2ª Guerra Mundial (e suas bombas atômicas), o desmoronamento da idéia de progresso. Uma série de efeitos colaterais despercebidos da produção industrial não poderia mais ser apontado como um “problema ambiental”, mas sim como uma crise institucional profunda da própria sociedade industrial. Com isso, passamos a viver, no entender de Ulrich Beck, numa sociedade de risco. As ciências atuando de forma decisiva em nosso cotidiano, alterando nossas idéias e questionando as antigas tradições que a modernidade havia tentado consolidar.
Conceitos como "sustentabilidade", "entropia", "adaptação" tecnológica e cultural estão no centro dos debates científicos internacionais. O que está em jogo é continuarmos com o verificável padrão insustentável de produção e consumo (e confiar que as descobertas científicas resolvam todos os problemas), ou canalizar energias para um modelo de sociedade (ainda não formulado) pautado na racionalidade dos recursos materiais e humanos e que leve em conta valores como respeito mútuo, preservação da vida, felicidade e dignidade humana.

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