07 junho, 2009

Desafiando as estruturas

Na partida final do torneio Roland Garros, hoje, aconteceu um daqueles famosos "incidentes" que consiste na invasão da quadra por algum torcedor mais "empolgado".
No endereço de notícias onde eu capturei a foto dizia "após se aproximar do tenista (suíço Roger Federer) o invasor saiu correndo pela quadra sob muitas vaias da torcida francesa. Só após se aproximar da rede, o fã foi derrubado por um dos seguranças. A plateia aplaudiu a ação".
O destaque merece atenção e requer explicação sociológica: o mundo social é previamente definido por normalidades que orientam os nossos modos de pensar e agir. Ou seja, geralmente as pessoas se comportam significativamente voltadas para o comportamento de outros, como diria Max Weber. É o caso do público de tênis que obedece quase que mecanicamente uns aos outros.
Percebe-se que o sujeito transgressor ignora o constrangimento causado pelo público, sob forma de vaias. A coerção social se encontra aí de forma bastante nítida quando, não adiantando a reprovação sonora da maioria, restou o uso da força física para corrigir o desvio. Qualquer semelhança com Durkheim não é mera coincidência. Ponto para o sociólogo francês!
Posteriormente, um conterrâneo de Durkheim, Pierre Bourdieu, aprimorou com maestria as nuances desse fênomeno. Ele mesmo fez uma anologia entre o seu conceito de habitus e uma partida de tênis, ampliando o escopo da análise para outros espaços sociais (política, cultura, economia, religião, etc.). Diz ele que "o habitus como sentido do jogo é o jogo social incorporado, transformado em natureza. Nada é simultaneamente mais livre e mais coagido do que a ação de um bom jogador. Ele fica naturalmente no lugar em que a bola vai cair, como se a bola o comandasse, mas, desse modo, ele comanda a bola".

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