24 abril, 2009

Entrevista com Fernando Meligeni

No dia 28 de março, o Fininho, fera do tênis brasileiro, esteve na cidade. Fui atrás dele conseguir uma matéria para ir ao ar no programa "Teorema - Ipanema, FM", pilotado por Marcelo Noah.
De quebra, foi a minha estreia nesse tipo de atividade. A seguir, a entrevista com fotos tiradas pelo Noah:

Fernando Nogueira - Estou aqui, na Associação Leopoldina Juvenil, ao lado do tenista Fernando Meligeni – o Fininho – para falar sobre o livroAqui Tem! Vitórias e Memórias de Fernando Meligeni com André Kfouri”, lançado pela Ediouro em 2008.

Fernando, fale um pouco do livro para os ouvintes do programaTeorema” da rádio Ipanema FM.

FERNANDO MELIGENI – É um livro de histórias. A gente tentou fazer algo diferente do que é normalmente uma autobiografia. Eu conto histórias do circuito, que eu vivenciei dentro, os bastidores... Então tem o Pan-americano, as Olimpíadas, Roland Garros, a Copa Davis e nisso eu tento trazer o público mais próximo do que é o circuito profissional, do que é a verdade do vestiário de um campeonato de tênis.

EU Tu fala no código de ética, não é?

F. M.Como qualquer esporte, você precisa saber até onde pode ir. O código do que é permitido ou não é uma linha muito tênue, muito próxima, e quando você está num esporte onde tem tantas coisas em jogo (dinheiro, fama e repercussão) é difícil você saber o que é certo e o que é errado. Tem um capítulo do livro que é “Eu nunca fui santo” e eu conto sobre coisas que eu vivi, que eu errei, passei dos limites ou fizeram comigo. Eu quero desmistificar a idéia de que o tênis é um esporte onde todos se comportam como umLorde inglês”. Não! É muito pelo contrário: no meu blog eu escrevo muito isso.


EU – Essa é a parte onde rola muita polêmica, não é? Você ofereceu uma palestra a pouco para os pais de jovens tenistas para tentar conscientizar eles sobre verdades nem sempre agradáveis sobre o tênis. Percebi que você busca isso: trazer um pouco de lucidez e coerência aos que desejam ter filhos tenistas no futuro.

F. M. Eu gosto da polêmica! No momento em que você é verdadeiro, no momento em que você fala o que pensa com irreverência, você está dentro da polêmica. Eu escrevo de uma maneira mais polêmica, na hora que você vai fazer uma palestra aos pais, precisa colocar coisas polêmicas no jogo. Eu adoro fazer as pessoas pensarem! Não gosto de viver na mentira! Eu aprendi isso com meu pai, deixem que as pessoas julguem, “a unanimidade é burra!”. Você nunca vai conseguir ser unânime no que quiser fazer. Você nunca será o melhor repórter do mundo com todo mundo falando bem, como também nem todos vão falar mal do seu trabalho. No tênis é a mesma coisa, na medicina também... Então, eu não tenho medo do polêmico, de ser julgado e criticado. Agora, se criticar, tem que criticar bem, porque eu vou bater-boca.

EU – Tem alguma histórica que tu poderia ter colocado no livro e, por algum motivo, deixou de fora?

F. M.Com certeza! Se eu quisesse fazer o “Aqui Tem! – 2” teriam mil histórias de bastidores. Teve pessoas que ficaram melindradas por causa da maneira que eu escrevi, pessoas que não gostaram de ter sido citadas no livro. Logicamente eu poderia ter sido muito mais duro em algumas coisas, e muito mais suave em outras coisas, mas fui o que eu sou. Em nenhum momento eu pensei: “disso eu não vou falar”. Desde que haja responsabilidade sobre as coisas que se fala.

Noah – Falando das quadras públicas de tênis... Como está a situação pelo Brasil afora? Nós estamos aqui num clube de elite, mas tem as quadras públicas que ficam aqui perto. Como tu percebe o tênis para o povo e o fato de tu e o Guga terem chamado a atenção da mídia num determinado momento e ampliado o escopo do esporte?

F. M.Eu acho que, infelizmente, no Brasil, cada vez se menos quadras públicas e cada vez se o tênis mais forte. Cada vez mais gente jogando tênis. Eu fico impressionado: eu tenho um blog na Internet que entram mais de 10.000 pessoas por dia. E a dimensão desse blog é mínima para o tamanho do tênis. A gente é o país do futebol, infelizmente, e isso não vai acabar nunca. Mas eu acho que a gente merecia um pouco mais de espaço, um pouco mais de respeito ao nosso esporte. Hoje tem muita gente que joga tênis e os números que divulgam são totalmente irreais.

Em Porto Alegre, se você pesquisar a quantidade de gente que joga tênis, seja uma vez por semana ou por mês, mas que tem uma raquete em casa, os números se foram verdadeiros são gigantescos. Não são esses números ridículos que colocam “Ah! Deve ter umas 1.500 pessoas que praticam tênis em Porto Alegre”. Em São Paulo é a mesma coisa. A desculpa para não ter uma quadra de tênis no “Parcão” ou no parque Ibirapuera em São Paulo é porque pouca gente joga. Então, infelizmente, o tênis briga contra esportes gigantescos que é o basquete, o vôlei e o futebol. Nós não conseguimos conquistar esse espaço na “Era Guga, Meligeni e Oncins”.

EU Fino, muito obrigado pela participação! Para terminar, pode pedir uma música?

F. M. – Vamos de “Maná”, com Lábios compartidos.

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